PROBLEMA: Escritores, músicos, pintores, fotógrafos e artistas em geral têm se sentido lesados por empresas que vendem serviços de IAs geradoras de textos, sons e imagens, pois essas IAs seriam treinadas com obras disponíveis na internet mas não necessariamente licenciadas para uso comercial por terceiros.
PROPOSTA DE SOLUÇÃO: Leis locais e acordos internacionais de proteção de direitos autorais no âmbito da IA, que combinem características das leis de proteção de dados (LGPD e GDPR) e das leis sobre biodiversidade, proteção do patrimônio genético e repartição de benefícios, como a Lei 13.123/2015, a Convenção sobre Diversidade Biológica, e o Protocolo de Nagoya. Com isso, as obras protegidas por direitos autorais poderiam ter licenças padronizadas, ao estilo Creative Commons, mas que incorporassem valores pré estabelecidos para uso dessas obras em treinamento de IAs, caso o autor autorize esse uso. Além disso, empresas responsáveis por LLMs locais poderiam fazer acordos com autores da mesma localidade que talvez tenham interesse em disponibilizar suas obras para esses LLMs especializados que serviriam como vitrine para elas. Assim a circulação e a difusão da cultura seriam favorecidas no mundo conectado por IAs, sem prejuízo do devido reconhecimento e remuneração justa dos autores e artistas.
Em outras palavras, acredito que um acordo internacional sobre IA nos moldes da Convenção sobre diversidade biológica (CDB) e do Protocolo de Nagoya, ou leis brasileiras sobre IA, com eficácia extraterritorial como a LGPD, poderiam ser criadas para resolver os problemas de segurança no uso de IA, mas também para resolver a questão dos direitos autorais tão desrespeitado no treinamento dos Transformers de IAs. O Brasil tem uma das melhores leis de repartição de benefício por uso de patrimônio genético (lei da biodiversidade). Entendo que a biopirataria, no mundo de hoje em que todos os organismos vivos estão passando por sequenciamento de seus genomas para alimentar a bioeconomia dos países desenvolvidos, é comparável ao extrativismo cultural não consentido praticado por empresas como a Open AI (vide ação judicial movida pelo NYT). O Brasil poderia usar essas analogias e aproveitar a oportunidade para se colocar como uma das maiores fontes de dados para treinamento de IAs no mundo.