Datacenters de IA são grandes consumidores de água e energia. Mas o Brasil tem cartas na manga.
A Inteligência Artificial (IA) depende de 3 recursos básicos: poder computacional, água e energia. O poder computacional, isto é, as CPUs e GPUs são necessárias para realizarem os complexos processos matemáticos e garantirem o treinamento e funcionamento da IA. Essa demanda por hardware não é pequena; não à toa que o valor de mercado da Nvidia, líder global em computação visual, aumentou US$ 2,7 trilhões em 18 meses, crescimento este que equivale ao total do PIB brasileiro no 2º trimestre de 2024.
No entanto, apesar das perspectivas de crescimento, a expansão também depende do aumento da infraestrutura, entre elas a água, para refrigerar os equipamentos, e a energia para manter tudo funcionando. Ou seja, o consumo da indústria de IA está crescendo de forma acelerada e traz potenciais impactos para o clima. No relatório anual de impacto climático de 2024 da Google, foi divulgado um aumento de 48% das emissões de gases estufas nos últimos 5 anos, o que totaliza 14,3 milhões de toneladas anuais.
O aumento provocado pela demanda crescente de energia para alimentar serviços de IA é preocupante porque na maioria do planeta essa energia é gerada através da queima de combustíveis fósseis. O aumento do consumo também acontece com a água. Sozinhos, os datacenters irão consumir 4,5% da energia no planeta até 2030, A Microsoft, por exemplo, precisou de 7,8 bilhões de litros de água em 2023 para refrigerar seus datacenters, um crescimento de quase 50% desde 2020.
Mas o Brasil tem duas vantagens em relação ao resto do mundo: abundância de recursos hídricos e uma matriz energética limpa, por isso o país precisa se posicionar de forma estratégica neste mercado emergente e promover o uso de energia limpa para o treinamento e funcionamento da IA. Ademais, como bem argumenta Ronaldo Lemos, em sua coluna na Folha de São Paulo, existe um caminho para o Brasil participar diretamente na geração de riqueza que a inteligência artificial está provocando: a eletricidade.
O outro lados da moeda: a IA também pode ajudar a monitorar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas
A intersecção entre as temáticas do combate às mudanças climáticas tem, de um lado, a IA como grande consumidora de água e energia e, de outro, uma tecnologia que tem potencial para desempenhar um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas ao aprimorar o monitoramento ambiental e a eficiência energética. Aplicações de IA permitem a análise de grandes volumes de dados climáticos, o que facilita previsões mais precisas de eventos extremos, como tempestades e inundações, o que auxilia na preparação e resposta rápida a desastres, algo que será cada vez mais necessário em um mundo que sofrerá com os impactos cada vez maiores da crise climática.
Além disso, a IA é essencial para otimizar o consumo de energia em setores como indústria e construção civil, promovendo práticas sustentáveis e a adoção de fontes de energia renovável. A tecnologia pode, ainda, ajustar em tempo real sistemas de aquecimento, ventilação e refrigeração, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, as emissões de gases causadores do efeito estufa.
Vem com a gente debater essa questão! Estaremos na Campus Party Goiás de 2024!
Em suma, a IA pode ser uma aliada no combate às mudanças climáticas, mas para isso precisamos garantir que essa tecnologia tenha suas demandas de água e energia supridas de forma sustentável, o que não é uma tarefa fácil.
Para pensar em como equilibrar esses desafios com os potenciais benefícios da IA, nós, do ITS Rio, debateremos este tema em oficina que acontecerá na Sala do Futuro da Campus Party Goiás, no dia 29 de novembro. E você também pode participar dessa discussão! Venha pensar em um futuro sustentável, no qual o Brasil seja um líder mundial da IA verde e da energia renovável.
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